Caros alunos e leitores,
A essa altura do campeonato, vocês já devem ter percebido que as provas do CACD -- especialmente as da terceira fase -- não exigem dos candidatos apenas o domínio do extenso conteúdo previsto no edital: a forma como esse conteúdo é apresentado também é muito importante!
É claro que o ideal é aliar boa forma a um ótimo conteúdo, mas arrisco dizer que a primeira é mais importante que o segundo. Uma resposta relativamente pobre, mas bem escrita, costuma se sair melhor que um brainstorming genial, completíssimo e cheio de detalhes, mas sem qualquer preocupação com a linguagem, o estilo e a estrutura.
A partir dessa constatação, faço minha primeira contibuição ao blog, com conselhos para a prova de política internacional (alguns dos quais podem ser aproveitados, mutatis mutandis, para outras disciplinas):
PI não é geografia (nem história, nem direito, nem economia...)
Uma prova de política internacional não é uma prova de história, geografia, direito ou economia. A matéria de política internacional, por sua natureza interdisciplinar, situa-se na interseção entre todas essas outras, mas não se resume a buscar um pouco de cada uma delas. Na verdade, a política internacional usa conceitos próprios, diferentes daqueles de outras matérias, e muitas vezes conflitantes com eles!
Portanto, não caia na tentação de gastar todo o seu latim jurídico ou seu conhecimento de Milton Santos na prova de PI. O que a banca espera de vocês é o domínio dos conceitos de Relações Internacionais e o uso adequado dos conceitos contidos no discurso oficial da diplomacia brasileira.
Cuidado com as retrospectivas históricas
Já disse que PI não é história. Evite cair na tentação de se estender demais sobre o histórico do tema abordado na questão, mostrando todo o seu conhecimento sobre a história da política externa brasileira e cada uma das conferências em que o tema da questão foi tratado, para só no último parágrafo fazer menção à política externa atual.
A prova de PI é uma prova sobre o presente. Uma introdução histórica não deve ocupar mais do que um parágrafo (se for dedicar um parágrafo a ela, use o segundo parágrafo, e não o primeiro -- que funciona melhor como introdução geral, situando o problema no presente e resumindo seu argumento principal)
Cuidado com a estrutura da resposta
Lembre-se que a resposta é, fundamentalmente, uma dissertação. Ela não deve ser simplesmente descritiva, mas analítica, estruturada em torno de um argumento, com introdução, desenvolvimento e conclusão adequados. Faça uma boa introdução, resumindo seu raciocínio, e deixe espaço suficiente para uma conclusão que retome o problema e faça um comentário (o fechamento clássico é falar sobre os principais avanços e desafios da questão, e lançar uma perspectiva para o futuro -- funciona para quase todos os temas).
Tenha sempre em mente o discurso oficial, os princípios e as diretrizes da Política Externa Brasileira.
"Responsabilidades comuns, mas diferenciadas", "eixo de cooperação Sul-Sul", "redução das assimetrias regionais", "diversificação dos parceiros sem prejuízos das parcerias tradicionais" -- use e abuse dos conceitos do discurso diplomático brasileiro, eles são fundamentais para sua análise. Mas faça um uso consciente desses termos, em seu sentido correto e no contexto adequado. E não se esqueça nunca do nosso coringa, o objetivo central de toda a diplomacia brasileira (não importa qual seja o tema): a busca do DESENVOLVIMENTO.
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