Antes de retornar às discussões específicas em relação à terceira fase do CACD, acredito ser necessário fazer uma discussão de caráter mais geral quanto a um dos problemas mais graves no processo de preparação dos candidatos, principalmente aqueles que estão longe dos grandes centros de preparação: O BOATO.
É natural que os cursos preparatórios e seus professores tentem, de alguma forma, prever os conteúdos possíveis para o CACD. É por meio desse processo de "vidência" que nascem os tão conhecidos "temas quentes". Embora eu reconheça que muitos do boatos surgem com alguma base factual, em geral não passam de especulações e tentativas de previsão que tendem prejudicar o processo de preparação, principalmente quando ainda há tempo para que o candidato procure adquirir um visão abrangente da bibliografia e do conteúdo programático do CACD , mas abre mão disso devido a um boato.
Os prejuízos possíveis para quem se torna um consumidor da "indústria do boato" são variados e muito significativos. Primeiro, o candidato tenderá a restringir seu estudo aos ditos "temas quentes", que podem ser mornos ou até mesmo frios. Em 2007, por exemplo, havia a certeza absoluta de que os temas de meio ambiente e energia estariam presentes em alguma das provas. O resultado todos sabem qual foi... Eu mesmo me concentrei absurdamente em tais temas e deixei de lado temas como zona costeira, o que me custou pelo menos 15 pontos na prova de geografia. Segundo, os "temas quentes" e os boatos criados em torno deles podem contribuir para que os formuladores das provas evitem abordar temas que serão respondidos com "discurso pronto". Se o candidato focar-se somente nesses temas, o resultado pode ser desastroso. Como responder uma questão de relações bilaterais Brasil-Japão, algo que ninguém sequer cogitava, sem uma base ampla de conhecimentos da política externa brasileira e a leitura de alguns artigos sobre as relações Brasil-Ásia? Por último, os boatos ocupam tempo, gastam energia, estressam, aumentam o nervosismo e quase sempre estão errados.
De forma alguma estou afirmando que não se deve tentar prever possíveis temas que serão abordados no CACD. Há temas que não são "quentes", mas que são relativamente evidentes em função de sua importância e seus contexto. Em 2007, por exemplo, o temas relativos aos 50 anos da UE e às relações Brasil-EUA, depois da troca de visitas presidenciais, eram previsíveis. Entretanto, quem se concentrou somente nos temas previsíveis teve problemas com os temas de relações bilaterais e da atuação das empresas brasileiras na América do Sul. Estou afirmando que os candidatos DEVEM ter uma visão abrangente do conteúdo programático, e não se deixarem envolver pela tentação de simplificar a preparação e cair numa "estrada para a perdição".
O edital ainda não foi divulgado, não sabemos ainda quando o será. Se o calendário for mantido, faltam cerca de 6 meses para o inicio da terceira fase. Ainda não é o momento de direcionar os estudos para temas específicos em detrimento de boa parte do conteúdo programático. Sequer sabemos se a estrutura do concurso, especialmente a do TPS, será mantida. Como ficam aqueles que forem surpreendidos por alguma mudança significativa, se houver?
Tenho consciência da dificuldade de evitar tais equívocos em função da pressão sufocante que os boatos exercem sobre nós nos ambientes de preparação, em função da competitividade e do medo de errar e perder um ano de preparação. Reforço, entretanto, que aqueles que têm uma preparação mais abrangente correm menos riscos.
Lutar contra a "indústria do boato" é uma batalha quixotesca, mas o que seria do mundo sem os Quixotes?
7 comentários:
O pior deste concurso é a ansiedade. Já está todo mundo agitado, tenso e angustiado com o TPS do ano que vem. Os boatos colaboram para atiçar o clima de histeria generalizada. Não se sabe se teremos equilíbrio psicológico para levar esta meta até o fim.
O pior é isso: quanto mais o tempo se encurta, descobrimos mais pontos importantes a reforçar, livros "essenciais" para ler, temas importantes. As tensões se multiplicam como coelhos.
Admito que é irresistível estudar para os boatos de temas quentes, mas essa passagem é bem esclarecedora:
"Segundo, os "temas quentes" e os boatos criados em torno deles podem contribuir para que os formuladores das provas evitem abordar temas que serão respondidos com "discurso pronto"."
Sou vidente.
Minha bola de cristal prevê o seguinte formato para o TPS 2008:
1) Mesmas matérias de 2007, com 65 pontos distribuídos entre Português, Inglês, Política Internacional, História Geral, História do Brasil;
2) Prova de Português bem mais difícil que 2007. Razão: fato da prova de 2007 ter sido - pelo Rio Branco, pelo Cespe e pelos candidatos - considerada "trivial" e um dos principais fatores que subiram a nota de corte;
3) Prova de Inglês bem mais difícil que 2007 e na linha da tenebrosa prova de 2006. Razão: retorno, à banca, do examinador de 2006;
4) Provas de História na linha de 2007 - isto é, bastante factuais para evitar recursos - com a diferença de que cobrarão períodos mais recentes. O último TPS cobrou ditadura militar e governo Sarney, e algo me diz que delineia-se a tendência de cobrar assuntos cada vez mais recentes.
5) Prova de PI na linha de 2007 - Não factuais, mais críticas que as de História. Conhecer as idiossincrassias da banca será fundamental para garantir boa pontuação.
Em conclusão: a prova será bem mais difícil - sobretudo por conta de português e inglês. É provável, entretanto, que a nota de corte seja mais alta - um pouquinho - que a de 2007.
sua vidência está completamente equivocada. veremos qdo o edital sair!
Também sou vidente, e acho que os temas quentes esse ano serão o centenário da imigração japonesa (dando destaque às relações Brasil-Ásia) e o bicentenário da fuga do glutão D.João VI para o Brasil.
Não esqueça que a imigração japonesa já foi tema da prova este ano!
Diário Oficial da União – Seção 1 – Pág. 53
Nº 227, terça-feira, 27 de novembro de 2007
Ministério das Relações Exteriores
GABINETE DO MINISTRO
PORTARIA N° - 768, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2007
O MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto nos artigos 1o- e 5o- do Regulamento do Instituto Rio Branco, aprovado pela Portaria de 20 de novembro de 1998, publicada no Diário Oficial da União de 25 de novembro de 1998, e alterado pela Portaria no- 11, de 17 de abril de 2001, publicada no Diário Oficial da União de 25 de abril de 2001, resolve:
Art. 1° - Ficam estabelecidas as normas que se seguem para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2008.
Art. 2° - O Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2008 constará, na Primeira Fase, de prova objetiva, de caráter eliminatório, constituída de questões de Português, de História do Brasil, de História Mundial, de Geografia, de Política Internacional, de Inglês, de Noções de Direito e Direito Internacional Público e de Noções de Economia.
Art. 3º - A Segunda Fase constará de prova discursiva eliminatória e classificatória de Português.
Parágrafo único. Será estabelecida nota mínima para a prova de Português.
Art. 4º - A Terceira Fase constará de provas discursivas de História do Brasil, de Geografia, de Política Internacional, de Inglês, de Noções de Direito e Direito Internacional Público e de Noções de Economia Parágrafo 1o- As seis provas da Terceira Fase terão peso equivalente.
Art. 5º - A Quarta Fase constará de prova escrita, de caráter exclusivamente classificatório, de uma segunda língua estrangeira, que poderá ser, conforme a opção do candidato, Alemão, Árabe, Chinês (Mandarim), Espanhol, Francês, Japonês ou Russo. Parágrafo único. Para efeitos de classificação, a prova da Quarta Fase terá peso equivalente à metade do peso de cada uma das provas da Terceira Fase.
Art. 6º - Serão oferecidas, no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata de 2008, 105 (cento e cinco) vagas para a classe inicial da Carreira de Diplomata.
Art. 7º - O Diretor-Geral do Instituto Rio Branco fará publicar o Edital do Concurso.
CELSO AMORIM
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