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segunda-feira, 27 de agosto de 2007

DICAS DE HISTÓRIA DO BRASIL PARA O TPS

Atendendo a pedidos, esta semana iniciarei uma série de comentários sobre as provas, matéria por matéria e fase por fase. Não tenho a menor pretensão de ser exaustivo nas minhas análises e indicações, muito menos acredito que sejam as únicas corretas. Não estou, de maneira nenhuma, publicando receitas prontas para a aprovação no concurso. O que pretendo é contribuir para que os interessados possam evitar erros recorrentes na condução do processo de preparação sem que precisem aprender com eles depois de perderem um ou dois anos de dedicação.

Começaremos hoje pela prova de história do Brasil no TPS.

O programa de HB é extenso, bem como a bibliografia indicada. É importante atentar para o fato de que boa parte da bibliografia de HB, principalmente os tópicos referentes à politica externa brasileira, coincidem com a bibliografia de política internacional. Não há como ler tudo, mas é possível otimizar o rendimento com estudo com algumas leituras imprescindíveis. Vamos a elas.

Amado Cervo e Clodoaldo Bueno, História da Política Exterior do Brasil: imprescindível. Deve ser lido quantas vezes forem necessárias e decorado nos fatos e nas interpretações. Não adianta nada contestar gabarito do CESPE discordando de Amado Cervo. Leia, decore, assimile, consolide. Não tem erro.

Bóris Fausto, História do Brasil: também é imprescindível. Ao contrário do História Concisa, este manual é o mais completo, didático e bem direcionado para o conhecimento necessário de HB. Apesar de fazer uma boa cobertura de todos os períodos de HB, o "domingão da faustão" é excelente para o período republicano, nem tanto para o império e a colônia. Deve ser lido quantas vezes forem necessárias, decorado e assimilado em todos os aspectos. Os tópicos de HB não referentes à PEB são baseados em Bóris Fausto, não vai adiantar teimar com a banca depois...

As duas primeiras obras citadas, se bem lidas e assimiladas, podem garantir um TPS seguro em HB. Entretanto, meus caros, como eu não sou o tipo que conta com a sorte, vou indicar umas leiturinhas complementares que podem ajudar consolidar um ou outro aspecto do programa que não tenha ficado claro na leitura das duas bíblias de HB no TPS. Vamos a elas:

Colônia
Charles Boxer, a Idade de Ouro do Brasil: incomparável, aprofunda aspectos fundamentais do período.

Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contenporâneo: nenhuma outra obra apresenta uma visão tão abragente dos temas que envolvem a colônia, embora não se restrinja a tal período.
Na dúvida, é melhor ler três vezes!

Império
Maria Yeda Linhares, História Geral do Brasil: incomparável na abrangência, detalhamento e didática na análise do período. Aborda diversos aspectos que passam batidos em Bóris Fausto.

História da Política Externa Brasileira
Paulo Vizentini, Relações Internacionais do Brasil-46/64 e A Política Exterior dos Governos Militares: sem dúvidas, esses livros contribuem significativamente para sanar muitas dúvidas sobre o período do pós-guerra. Para o TPS, são mais que suficientes.

Agora vamos as tópicos que não podem ser negligenciados no "decoreba" para um bom TPS:

-Revoltas Coloniais e economia da colônia;
-Período Joanino, processo de independência;
-Sistema de tratados do Primeiro Reinado;
-Revoltas na Regência;
-Política de Limites (em todos os períodos);
-Era Vargas (decorar tudo, ou tudo o que conseguir);
-Regimes militares.

A prova de HB do CESPE é bastante factual, o ideal é decorar as cronologias. Mesmo questões interpretativas podem exigir o conhecimento factual e/ou cronológico. A prova de 2007, para ficarmos num exemplo mais próximo, teve muitas questões do tipo. Se o candidato não soubesse que o tratado de 1851 foi com o Peru, não com a Bolívia, perderia uma questão... E muita que perdeu uma questão no TPS dançou...

OBS: há obras que não citei porque não considero imprescindíveis para o TPS e serão debatidas quando chegarmos na discussão sobre a terceira fase. ;-)

Por último, um alerta: não pense que somente porque um ou outro tópico não apareceu nas duas últimas provas ele não aparecerá na próxima. É melhor estar preparado para qualquer questão. Com a disputa pela vaga no TPS cada vez mais acirrada, é sempre melhor nivelar por cima.

domingo, 19 de agosto de 2007

O QUE ESPERAR DO CACD 2008?

Não há discordâncias, creio eu, relativas ao fato de que a preparação torna-se mais fácil quando se pode prever o padrão de prova do CACD. A pergunta que não quer calar é: o padrão do CACD é previsível? Apressadamente, qualquer um de nós afirmaria que sim. Uma análise mais detalhada, entretanto, demonstra que as coisas não são tão simples quanto parecem à primeira vista.

Se eu fosse a Mãe Dinah, ou então algum outro tipo de vidente(alguns me acusam de ser uma espécie de Lair Ribeiro), diria que o CACD do ano que vem será elaborado pelo CESPE, que o formato da prova do TPS incluirá itens e múltipla escolha, que o modelo de 3 fases será preservado e que o concurso tende a começar a fevereiro. Minhas chances de acertar seriam grandes, mas não auxiliaram em nada no principal objetivo deste texto: ajudar a orientar quem está se preparando para a o CACD 2008.

Se analisarmos os concursos realizados pelo atual governo, a partir de 2003, veremos que nenhuma edição do CACD foi igual à edição anterior. Houve todo o tipo de mudança: TPS com notas mínimas por matéria, TPS com todas as matérias do concurso, TPS com questões discursivas, CACD com prova oral, CACD sem prova oral, TPS com geografia, TPS com PI e sem geografia. Se analisarmos no último nível de detalhe, perceberemos que a formatação do TPS variou no conteúdo programático que foi privilegiado, bem como no peso de cada matéria na prova. Se eu ainda fosse candidato, minha conclusão seria: algo vai mudar em 2008.

Pautar a preparação pelo o concurso anterior é uma estratégia que eu qualifico como temerária, no mínimo. Apenas como exemplo, quem passou 2006 se preparando para um TPS com geografia teve de recuperar muito tempo perdido quando geografia foi substituída por PI. Quantos candidatos que foram aprovados no TPS de 2006 ficaram de fora em função da mudança em 2007? Não sei. Se foram muitos ou poucos não faz diferença, o relevante é que a preparação de alguém foi prejudicada pela mudança.

A única estratégia segura é estar preparado para qualquer tipo de prova, que inclua qualquer item dos conteúdos programáticos do concurso. Dedicar-se a estudar somente as matérias do TPS antes de conhecer o conteúdo do edital pode ser um "tiro no pé" e resultar no desperdício de muitos meses, alguns milhares de reais e muita energia gastos e aplicados na preparação.

A tendência, de acordo com as estatísticas, é que o concurso mude em algum ponto(pode ser num ponto fundamental ou não), portanto é melhor não confundir as expectativas, que devem ser baseadas nos fatos, com as esperanças, baseadas nos desejos.

Estudem muito e estudem tudo, nenhuma estratégia é mais segura, pelo menos até sair o edital do CACD 2008.

domingo, 12 de agosto de 2007

FICHAMENTOS

Eu tenho o péssimo hábito de exercer o papel reservado aos chatos neste mundo: contrariar o senso comum. Não escrevo sobre a preparação para o CACD para dizer aquilo que todos querem ouvir, muitos menos para discordar pelo simples prazer de discordar, mas escrevo para alertar aqueles que se interessarem pelo que tenho a dizer quanto aos perigos de repetir equívocos cruciais no processo de preparação apenas por seguirem sem autocrítica métodos que podem não ser os mais adequados às suas necessidades específicas. A "polêmica" de hoje será sobre os fichamentos.

Não me atreverei a dizer que estudar por fichamentos não dá certo. Algumas dezenas de aprovados estudaram por fichamentos, eu mesmo os usei de forma colateral. O necessário, nesses casos, é saber avaliar as vantagens e desvantagens de fichar um livro ou um texto, de utilizar um fichamento de outra pessoa ou de simplesmente abdicar de fichar e utilizar o tempo exclusivamente para leitura de textos que podem, de acordo com a preferência do candidato, ser rabiscados e marcados à vontade.

DESVANTAGENS:

1-fichar um texto ou um livro aumenta excessivamente o tempo dedicado a uma única leitura. Em muitos casos, o tempo usado para fichar um texto corresponde a tempo suficiente para ler dois livros diferentes sobre o mesmo tema;
2-o fichamento sempre tem lacunas, pois o candidato destaca aquilo que lhe parece mais importante. É necessário ter cuidado, pois a revisão por fichamento, sem reler a obra, pode reproduzir eternamente a mesma lacuna;
3-utilizar um fichamento de outra pessoa sem que o candidato tenha lido a obra pode induzi-lo ao erro, ou mesmo tornar o fichamento inútil;
4-fichamentos condicionam a produtividade da leitura e prejudicam o candidato quando for necessário realizar leituras de maior densidade, principalmente na terceira fase(quando fichamentos devem ficar restritos à revisão na última semana).

VANTAGENS:

1-muito candidatos precisam escrever para absorver o que estão lendo. Em casos assim, fichamentos podem ser altamente produtivos;
2-bons fichamentos podem funcionar como quadros sinópticos de conteúdos já conhecidos e contribuem para a consolidação de conhecimento adquirido com leituras anteriores;
3-a troca de fichamentos entre diferentes candidatos ajuda a reduzir as lacunas deixadas em cada um deles. É muito importante que o candidato saiba que seu próprio fichamento não é a quinta essência da preparação.

Grosso modo, podemos dividir os fichamentos em 3 categorias: a) tipo resumos, que procuram fazer uma sinopse do conteúdo da obra com o objetivo de substituir a leitura do original; b) tipo tópicos, que procuram colocar em destaque fatos, conceitos e informações constantes da obra, geralmente bastante funcionais para quem já leu o original e c) tipo citações, que reproduzem uma série de trechos da obra sobre todos os conceitos, capítulos e fatos relevantes e fundamentais para uma possível prova. Eu em atrevo a afirmar que os fichamentos do tipo B são muito eficientes porque pressupõem a leitura do original, podem ser excelentes revisões. Ainda que eu defenda que nada substitui a leitura do original, a substituição da leitura é feita de forma mais eficiente pelos fichamentos do tipo C (eu mesmo me beneficiei de fichamentos deste tipo).

Por fim, ressalto mais uma vez que o candidato deve perceber qual a melhor forma de estudar de acordo com as próprias necessidades. Insistir em fichamentos quando não está sendo produtivo pode ser fatal. Superestimar a substituição da leitura por um fichamento mal feito é fracasso certo. Não se pode esquecer, entretanto, que superestimar a própria capacidade de absorver informações apenas pela leitura também pode levar a resultados "funestos".

Não sou entusiasta de fichamentos, mas reconheço que são necessários para uma preparação que envolve tantos conteúdos. É por isso que deixaria disponíveis na pasta de arquivos do grupo de e-mails do blog (dialogodiplomatico@yahoogrupos.com.br) uma série de fichamentos sobre os mais variados temas da preparação. Não esqueçam, nunca, de serem críticos com todo o material: eis uma passo importante rumo à aprovação.

domingo, 5 de agosto de 2007

É POSSÍVEL CONCILIAR TRABALHO E A PREPARAÇÃO PARA O CACD

Não sou o primeiro, não serei o último, sequer faço parte dos mais destacados candidatos que conciliaram trabalho e estudo com a preparação para CACD. Creio que cada candidato que teve de superar este obstáculo pode contribuir com um relato rico em aprendizado com uma experiência tão difícil. Não farei um relato definitivo, muito menos pretendo impor minhas idéias como regra geral, mas procurarei debater algumas das principais dificuldades da tarefa de trabalhar para se sustentar e estudar para realizar um sonho.

Trabalhar é, feliz ou infelizmente, uma necessidade para a maioria dos candidatos. Aqueles que não podem contar com o apoio material da família ou que não têm um uma poupança que os permita largar tudo para se dedicar exclusivamente aos estudos precisam encontrar os meios para superar todas as dificuldades. Se eu pudesse, não hesitaria em largar tudo para me dedicar exclusivamente à preparação. Como não pude, só me restou fazer o impossível para alcançar um objetivo que me parecia intangível.

Há múltiplas variáveis a serem consideradas na conciliação do trabalho e da preparação. Não creio que haja uma hierarquia entre elas, cada candidato deve avaliar suas circunstâncias específicas de vida estabelecer as suas prioridades durante o processo que agora debatemos.

Disciplina e perseverança são requisitos fundamentais para o bom aproveitamento nos estudos de um candidato trabalhador ou de um trabalhador candidato(não são a mesma coisa). Estabelecer uma rotina diária de estudos que seja cumprida à risca, utilizar os finais de semana para aumentar o número de horas de leitura, transformar todos os intervalos eventuais em oportunidades de estudo podem ser atitudes muito importantes no desenvolvimento do processo de preparação. Ler no ônibus, ler no intervalo de almoço do trabalho, acordar uma ou duas horas mais cedo para estudar e ler jornais em inglês e espanhol/francês na internet durante trabalho são alguns meios de maximizar a produtividade.

O ideal é ter um trabalho de 6 horas diárias, com horário corrido, isso permite que o candidato programe de 6 a 8 horas úteis de estudo diário (aulas e/ou leitura). Melhor ainda se a tarefa que for executada no trabalho não exigir muito da capacidade intelectual. É muito importante estar com a mente descansada e arejada na hora de estudar. Pra quem deseja ser aprovado no CACD, o estudo tem de ser sua prioridade número um. Assumir grandes responsabilidades no trabalho, envolver-se com tarefas que exijam exagerado esforço intelectual ou assumir uma função que não tenha horário de trabalho fixo são atitudes que, sem a menor sombra de dúvidas atrapalham demais a preparação.

Um bom curso preparatório pode ser decisivo para o candidato que precisa trabalhar. Uma boa orientação docente nas leituras pode mudar completamente o perfil do candidato. É importante nunca esquecer que apenas aulas não vão aprovar ninguém: é fundamental equilibrar o tempo livre entre aulas e leituras. Se tiver de optar, melhor optar pela leitura(exceção feita às línguas estrangeiras).

Infelizmente, a maioria dos candidatos espalhados pelo Brasil não podem contar com bons cursos preparatórios, nem mesmo com professores particulares especializados no concurso. Nesse caso, cada minuto livre precisa ser utilizado para "comer" os livros, um atrás do outro, e exercitar a redação e as línguas estrangeiras.

Outra variável relevante é o custo financeiro da preparação. Custa caro, muito caro. Eu me preparei durante 2 anos com renda mensal líquida em torno de 1000 reais, com os quais me sustentava sozinho, fazia um mestrado e me preparava para o CACD. Fui obrigado a fazer mágica com o pouco que tinha, mas consegui. Utilizar o máximo possível de bibliotecas, mesmo que não possa retirar os livros de lá, ajuda muito. Vá às universidades e estude lá. Se não houver bibliotecas disponiveis, vá a uma livraria de shopping, tome um café, pegue os livros e os leia lá. Faça cópias quando puder, troque fichamentos pela internet, use a internet como ferramenta de estudo. Há milhares de sites com conteúdo diretamente relacionados à preparação em todas as matérias.

Eu, particularmente, me endividei para me preparar. Seria impossível para mim ser aprovado sem fazer aulas particulares de inglês, meu grande pesadelo e maior obstáculo nesse concurso. Pra ser sincero, ainda estou endividado até agora, mas é melhor ser um diplomata endividado com a preparação do que ter uma vida frustrada por não ter tentado realizar meu sonho, não é verdade?


É difícil fazer tudo isso? Claro que é! Mas alguém disse que passar no CACD é fácil? Tudo depende da vontade do candidato. E vontade de verdade: fazer os sacrifício necessário para realizar o seu sonho. O que o candidato que trabalha e estuda não pode, de jeito nenhum, é desistir e deixar de acreditar. Eu acreditei, e mesmo com todas as dificuldades financeiras, materiais e emocionais eu consegui chegar até aqui. Eu não estudei em escolas particulares, eu tive sérias dificuldades(de todos os tipos) durante a universidade, eu não pude contar com o auxílio da minha família, eu tive de me virar sozinho, trabalhar, estudar e defender um mestrado no meio da terceira fase do concurso.

O caso que se abateu na minha vida não me fez desistir. Isso não me torna genial, não me torna melhor do que nenhum outro aprovado no concurso. Isso apenas prova que aqueles que são capazes de se sacrificar, que acreditam e que não desistem têm condições de serem aprovados no CACD.

Disciplina, paciência, vontade e capacidade de sacrifício são as características que eu acredito que quem vem de baixo precisa pra ser aprovado. É o que eu desejo a todos vocês.