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domingo, 30 de dezembro de 2007

2007 - uma retrospectiva

Caros

Sei que o tema do momento são o edital e as mudanças que se fizeram no CACD 2008. Os candidatos entram agora na reta final, os estudos se intensificam, e o pensamento se dirige ao Concurso. Sobra pouco tempo para falar ou pensar em algo que não sejam as provas que se aproximam. Não vou tratar, no entanto, do edital ou das mudanças em si, quando mais não fosse porque já foram amplamente discutidos pelo Maurício, que tem muito mais conhecimento do que eu sobre o assunto. Pretendo apenas, se me permitem, ingressar na onda das "retrospectivas" de fim de ano e tentar comentar alguns dos principais acontecimentos em política internacional de 2007. Espero que isso os ajude a reter na memória os assuntos mais recentes, que costumam ser cobrados na prova de Política Internacional. Não pretendo uma análise exaustiva; antes, apenas algumas pinceladas em forma de comentários pessoais. Como sempre, seus comentários e réplicas são mais do que bem-vindos.

Creio que 2007 foi um ano mais de continuidade do que de mudanças. O continuísmo, a bem da verdade, é impressionante nos principais temas contemporâneos de política internacional.

No Oriente Médio, pouco ou nada se avançou nas negociações para a solução do sexagenário conflito árabe-israelense, mas a Conferência de Annapolis, realizada sob patrocínio dos Estados Unidos e que envolveu um multilateralismo abrangente, talvez sem precedentes no tratamento da questão (até então restrita a grupos de países mais restritos), aponta para algumas esperanças futuras. Vale a pena lembrar a participação do Brasil, um dos únicos países em desenvolvimento fora da região do conflito a serem convidados para o evento. No Iraque e no Afeganistão, a ocupação liderada pelos Estados Unidos permanece, sem perspectivas de retirada das tropas americanas e aliadas dos dois países. Em relação à situação interna de ambos os países, a violência, o caos e, principalmente, a incerteza quanto ao futuro continuam dando o tom, a despeito de pequenos avanços, desproporcionalmente alardeados pelas forças da coalizão. Finalmente, no Irã permanece o impasse sobre a questão nuclear; a divulgação de um relatório da inteligência americana em novembro, que concluiu pela inexistência de um programa nuclear militar no país, resfriou, no entanto, os debates e deslocou o foco de Teerã.

Na Europa, a União Européia passou por mais um processo de alargamento, com a inclusão de Romênia e Bulgária e a extensão do Espaço Schengen para uma dezena de países; a crise de identidade da União permanece, mas os líderes europeus tentaram reviver o Tratado Constitucional, com a adoção de um tratado revisado em Lisboa; as negociações e os debates sobre a adesão da Turquia parecem, como sempre, intermináveis.

Na América, a política externa americana continua engessada pela "guerra contra o terror", e tenderá a permanecer assim até o final do governo George Walker Bush. Ano em que se inaugurou a corrida para a Casa Branca, 2007 não trouxe mudanças à diplomacia de Washington - algo que 2008, ano de eleições, tenderá a repetir. Mas prognósticos são sujeitos a erros...

Do lado de cá do Rio Grande, merece menção o espaço cada vez maior ocupado pela Venezuela na cena regional, tendência que se fortalecerá ainda mais com o envolvimento do presidente Hugo Chávez na libertação de três reféns pelas FARC, prometida para os próximos dias. Que se coloquem as coisas em seu devido lugar, no entanto: o fortalecimento de Chávez parece ser exagerado pela mídia, especialmente no Brasil. Mesmo sua política armamentista tem encontrado ecos que fazem parecer a situação muito maior do que ela realmente é. Destaquem-se ainda o avanço - lento ou não, isso pode-se discutir - da integração sul-americana, que acaba de fazer nascer mais uma instituição regional, o Banco do Sul, banco de fomento ao desenvolvimento à la Banco Mundial, com atuação restrita à América do Sul, bem como a situação em Cuba, que parece encaminhar-se para uma transição de poder que poderá trazer conseqüências muito maiores para a região do que a política interna e externa da Venezuela... Olho em Cuba!

Na África, seguem, infelizmente, os intermináveis conflitos que há décadas abalam o continente. Darfur é, de longe, a maior tragédia humana da atualidade, e pouco se fez para se tentar solucionar o conflito e deter o genocídio de dezenas de milhares de pessoas. Destaque-se positivamente a criação da UNMIS (United Nations Mission in Sudan), força híbrida Nações Unidas - União Africana, que envolve mais de 27.000 militares e civis, e que deverá iniciar suas operações no começo de 2008. Eritréia, Etiópia, Ruanda, República Democrática do Congo, Somália, entre tantos outros, continuam mergulhados em seus conflitos, acenando com pouco otimismo para quaisquer mudanças em 2008. A reconstrução e o crescimento de Angola e Moçambique são, por outro lado, fios de esperança que mostram ser possível superar décadas de conflito no continente com os olhos num futuro mais promissor.

Na Ásia, a China parece continuar sua marcha persistente rumo à condição de grande potência: mais um ano de crescimento espetacular e de maior envolvimento na política internacional, com destaque para a Cúpula Sino-Africana, que conseguiu reunir em Pequim todos os 53 chefes de Estado e/ou de Governo do continente africano. Conflitos continuam por várias partes do continente asiático, como no Nepal, no Sri Lanka, na Cashemira, no Tibet e em Myanmar - mesmo este não foi uma novidade, uma vez que as forças políticas e sociais em confronto já se enfrentaram várias vezes em décadas precedentes. Na península coreana, progressos foram feitos nas negociações para o desarmamento nuclear da Coréia do Norte, mas, ao que parece, Pyongyang continua a deter a bomba, e não dá mostras de alterar significativamente seu histórico curso de isolamento.

Finalmente, nas Nações Unidas permanecem sem avanços concretos as discussões e negociações sobre a necessidade de reforma da Organização, especialmente de seu Conselho de Segurança.

Evidentemente, muitas coisas ficaram de fora desse retrospecto. Os acontecimentos citados, no entanto, parecem suficientes para assinalar o impressionante continuísmo que marcou o ano de 2007 nas relações internacionais e na política mundial. Para não dizer, no entanto, que "não há nada de novo debaixo do sol", duas novidades merecem menção especial, não por serem novidades de per se (mesmo porque parecem ser culminâncias de dois processos que se arrastam há alguns anos, e não fatos inéditos que emergem inesperadamente), mas pelas conseqüências que podem trazer para a política internacional, tanto no curto quanto no longo prazos.

A primeira delas é o retorno da Rússia à cena internacional. Sob Vladimir Putin, eleito a personalidade do ano de 2007 pela Time Magazine, a Rússia alcançou um nível de estabilidade política, econômica e, como conseqüência, social que lhe permitiu retornar com atividade intensa ao palco da política das grandes potências, abandonando para trás as lembranças dos tumultuados anos 90. Este sucesso russo se apóia sobre a elevação exponencial dos preços do petróleo e do gás nos últimos anos, que permite à economia russa crescer a taxas superiores a 6-7% ao ano, bem como sobre um regime político autocrático, que logra a estabilidade política por meio da supressão de forças de oposição e do próprio debate democrático. Alavancada política e economicamente, a Rússia voltou definitivamente à cena internacional, como mostraram as intervenções - algumas delas veladas, outras nem tanto - em seus ex-satélites do período soviético (Estônia, Ucrânia, Bielorússia - com quem Moscou discute a formação de uma "federação"), a utilização das fontes de energia como instrumento de pressão sobre a Europa, a decisiva oposição à construção, pelos Estados Unidos, de um sistema de defesa antimísseis na Europa Oriental, a manutenção das relações de cooperação na área de defesa com o Irã, a participação nas negociações hexapartites sobre a questão norte-coreana, a denúncia do Tratado sobre Forças Convencionais na Europa, a aliança com a China no Grupo de Xangai, entre tantos outros episódios. A sucessão de Putin não será, a bem da verdade, uma verdadeira sucessão, uma vez que o candidato do Kremlin já afirmou que convidará Putin para ser primeiro-ministro, em caso de vitória nas eleições. Dessa forma, a Rússia deverá continuar sua ascensão política e diplomática, desejosa de restaurar sua posição na época áurea da União Soviética e apoiada em seu arsenal nuclear, no crescimento de sua economia e na manutenção da estabilidade interna.

A segunda mudança, mais óbvia do que é a primeira, acontece neste exato momento no Paquistão - desnecessário relembrar os fatos que parecem guiar o país para o caos. A situação nesse país é potencialmente explosiva por três motivos fundamentais: Islamabad é aliada-chave de Washington na "guerra ao terror"; o país detém armas nucleares, que poderiam, em tese, sair do controle do governo e cair em mãos de outros grupos políticos e, mesmo, de extremistas; o conflito no país pode-se espraiar para a Índia, o que poderia levar as duas nações a travar a quarta guerra em seis décadas. Além de adicionar um elemento de enorme incerteza e de conflito a uma região historicamente instável, a situação paquistanesa representa um duro golpe à estratégia americana de combate ao terrorismo exatamente na região em que supostamente se concentram os esforços dos Estados Unidos para debelar o Taleban e a Al-Qaeda. Confiando na força militar para o combate ao terror, os Estados Unidos "terceirizaram", por assim dizer, parte dos esforços miliatres na região ao Paquistão, com o qual não poderão mais contar caso o país mergulhe na guerra civil ou conduza ao poder grupos políticos anti-americanos. Os acontecimentos das próximas semanas serão cruciais para uma possível redefinição da estratégia americana, e a escolha que fizer Washington terá sérias conseqüência não apenas para a região, mas também para o mundo. A ausência de escolha e a paralisia, por outro lado, poderão ensejar o aumento do poder dos extremistas e terroristas que sabidamente buscam refúgio na região montanhosa da fronteira afegã-paquistanesa. Pode parecer exagero, mas, neste momento, o Paquistão está no centro do mundo.

O exercício de olhar para o passado é imensamente mais fácil do que o de tentar desvendar o futuro - ainda assim, tenho certeza de que neste exercício há omissões e, mesmo, falhas - oxalá desculpáveis e irrelevantes. Espero, entretanto, que tenha sido válido para ajudá-los em seus estudos.

Como últimas palavras, desejo a todos os leitores um feliz 2008!

sábado, 29 de dezembro de 2007

COMENTÁRIOS SOBRE O EDITAL DO CACD 2008

O CACD 2008 veio cheio de suspresas. Embora essa frase pareça anúncio publicitário, é a que melhor reflete a verdade. Todas as etapas têm uma novidade, mais ou menos radical, e, no geral, o concurso mudou drasticamente, na minha modesta opinião. A partir de agora, não é mais possível fazer prognósticos, mas é possível conjecturar, que é o objetivo deste texto.

TPS

A única mudança formal no TPS 2008 foi a inclusão de geografia, direito e economia. Foram mantidas as 65 questões e a mistura de itens e de questões de alternativa múltipla. A aparência de continuidade, entretanto, é falsa.

Com 7 matérias em vez de 4 no TPS, certamente alguma das antigas matérias deve perder peso relativo na prova ou, quem sabe, aumentar seu peso relativo. Certamente a prova terá menos itens de história e de PI, mas qual será o peso das matérias que retornam ao TPS? Não se sabe...
Qualquer coisa pode acontecer. O estudo fica muito mais difícil, pois o CACD tem um programa imenso e qualquer tema, qualquer um, pode cair ou não na prova.

Qual será o grau de aprofundamento, qual será o nível de exigência em cada matéria, qual matéria vai pesar mais? Tenho mais perguntas do que respostas, mas faço uma aposta: português manterá seu peso relativo ou pode aumentá-lo, se preservar os 20 pontos dos últimos dois concursos. Eu aposto na manutenção de português como matéria de maior peso relativo.

SEGUNDA FASE

Felizmente, não houve mudanças drásticas nesta etapa. Manteve-se a prova em data posterior ao TPS, mantiveram-se as questões de interpretação e manteve-se a indicação de bibliografia obrigatória.

As mudanças na bibliografia foram muito boas. A inclusão de Drumond a entrada de São Bernardo, no lugar de Memórias do Cárcere, são bem vindas. A inclusão de Visão do Paraíso é interessantíssima para que os candidatos conheçam mais sobre os clássicos do pensamento brasileiro.

As leituras serão ótimas, acreditem. Pra quem não tiver tempo ou não se arriscar, vou resenhar cada uma das obras aqui no blog até dia 30 de março.

TERCEIRA FASE

É nesta fase que estão as mudanças mais drásticas, que deixam o resultado final imprevisível. A redução de 5 para quatro questões na prova discursiva é o inferno para o candidato (quem já passou por isso sabe como é). Qualquer tema pode ser selecionado, qualquer um, dentro do programa imenso do concurso. Se cair uma questão sobre a qual você não tenha mínima idéia da resposta, o que sempre acontece, o dano causado por um provável mal desempenho será muito maior. Para piorar, haverá 2 questões de 30 pontos e 2 de 20 pontos. E se a questão complicada for de 30 pontos?

A prova de inglês teve retirados o resumo e os exercícios textuais. Apenas redação, tradução e versão permanecem, com pontuações de respectivamente 50, 25 e 25 pontos. A prova exigirá muito mais de gramática e menos de "sorte". Acredito que a média da prova deva subir e que se torne mais difícil zerar a parte de gramática da redação (aposto num aumento de 20 para 25 pontos de gramática) e, assim, a redação inteira.

A mudança que mais me surpreendeu, entretanto, foi a redução da nota mínima nesta etapa. No CACD 2008 será aprovado na terceira fase o candidato que obtiver 300 pontos de 600 pontos, ou seja, 50%! Foram-se por água abaixo os 60% dos últimos dois concursos. Pode parecer que ficou mais fácil, mas associadas às outras mudanças me parece que a redução percentagem indica que as bancas serão muito mais exigentes na correção.

Meus caros, o momento é de estudar até os olhos sangrarem e o cérebro derreter. A redução de questões vai exigir dos candidatos conhecimento amplo de todas as matérias e capacidade de relacionar tais conhecimentos de forma muito precisa.

QUARTA FASE

Todos acham que não fará diferença, mas fará. A classificação final no concurso vai contar na escolha dos seus estágios na SERE, na sua primeira gratificação por desempenho, na sua futura lotação e, mais importante de tudo, na primeira promoção. Não esqueçam: a ordem de classificação é a ordem de antiguidade. Escolham bem a segunda língua e procurem ter um excelente desempenho, pode fazer toda a diferença para o seu futuro nos próximos 3 ou 4 anos.


Bons estudos, meu caros.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

DICAS PARA GEOGRAFIA, DIREITO E ECONOMIA NO TPS

Estou de volta, finalmente, após o duríssimo período de provas no IRBr. Para não perder tempo e não fazer suspense, completarei a série de textos sobre as matérias do TPS com um texto único, que discute as três matérias que foram incluídas na primeira etapa. Como diria Jack, o estripador, vamos por partes.

GEOGRAFIA

A prova de geografia do TPS é bastante previsível. As provas do CESPE restringem-se à bibliografia indicada, cobram conceitos previsíveis (o que não significa que sejam fáceis) e se dedicam muito à parte histórica da geografia e à política de limites. Para o TPS, acredito que há cinco leituras que podem garantir o gabarito da prova, respectivamente:

Projeto de Ensino de Geografia(Geral e do Brasil)-Regina Araújo e Demétrio Magnoli: não existe nenhum livro mais conciso, completo e fácil de ler. As edições são atualizadas, os dados exatos e o livro é abrangente. Todos os conceitos, todos os temas, todos os pontos do programa estão lá. Leitura imprescindível até mesmo para a terceira fase!

Por uma outra Globalização-Milton Santos: não é um leitura agradável em termos de sintaxe(rsrs). Também acredito que muitos de vocês não concordarão com os pressupostos do autor, mas não querem saber se concordamos ou não! Os conceitos apresentados neste livro foram cobrados em todos os TPS's em que geografia estava presente. Imprescindível.

Brasil, Território e Sociedade no Limiar do Século XXI-Milton Santos e Maria Laura Silveira: os quatro primeiros capítulos são fundamentais, pois neles se desenvolvem os debates sobre o meio natural, o meio técnico, o meio técnico-científico e o meio técnico-científico-informacional. Esses são conceitos fundamentais, não sabe-los é "morte certa".

O Corpo da Pátria-Demétrio Magnoli(introdução, último capítulo e conclusão): não existe nenhum livro melhor para política de limites. O autor "disseca" todos os tratados de fronteira do Brasil, um a um, com todos os países, nos mínimos detalhes, com datas e textos. Imprescindível.

DIREITO

Eu acredito que seja a matéria mais difícil de se estudar para uma prova objetiva. As doutrinas são contraditórias e a própria bibliografia é contraditória. O maior cuidado necessário é saber que NÃO É UMA PROVA DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO APENAS, mas também de DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. O ponto positivo é que há muitas provas do CESPE, em que tais tópicos são cobrados, disponíveis no site. O melhor a fazer é resolver exercícios, tirar as dúvidas e se adequar ao padrão da banca, como se deve fazer para a prova de português. Indicarei algumas leituras básicas que podem viabilizar e resolver maiores problemas para a prova(utilizei todos os livros que indicarei em concursos do CESPE e deu certo, passei em todos).

Direito Internacional público: curso elementar-Francisco Rezek: o manual está atualizado, é viável de ser lido em pouco tempo, é excelente em direito dos tratados e dá uma boa visão dos outros pontos do programa. Foi o responsável pelos meus 73 em direito na terceira fase de 2007!

Curso de Direito Constitucional Positivo-José Afonso da Silva: é um manual grande, mas muito didático e fácil de ler. O ideal é se concentrar nos tópicos recorrentes: controle de constitucionalidade, competências constitucionais e processo legislativo, por exemplo.

Direito Administrativo- Maria Sylvia Di Pietro: excelente manual, claro, objetivo e relativamente conciso. Resolve todos os problemas com este tópico do programa, que certamente aparecerá no TPS.

Lei de Introdução ao Códgio Civil: direito internacional privado e cooperação judiciária são temas que fazem parte das preocupações acadêmicas da banca da terceira fase (meus professores) e não me surpreenderia que aparecessem no TPS. É melhor estudar, nunca se sabe...

PS:temas jurídicos da integração regional têm alta probabilidade de aparecerem na prova...

ECONOMIA

Esta prova vai ser a mais difícil, tenham certeza disso. A prova será analítica do ponto de vista crítico e matemático. Podem ter certeza de que será necessário avaliar itens que se refiram a um gráfico ou a uma tabela, que incluirão desde avaliações de relação entre os dados com o método econômico até equações(as básicas, que constam de qualquer manual). A concepção da prova de economia mudou com a nova banca. Vamos às leituras recomendadas.

Introdução à Economia: princípios de micro e macro economia-Mankiw: um manual de economia "for dummies". De acordo com nosso professor, membro da banca da terceira fase, tem tudo de básico que é preciso saber sobre economia. Decorem-no, inclusive as equações(não estou exagerando);

Formação econômica do Brasil-Celso Furtado: dispensa apresentações. Aposto cinco reais que vai aparecer no TPS. É clássico da história econômica do Brasil;

A Ordem do Progresso: 100 anos de política econômica republicana-M. P. Abreu: indiscutivelmente um dos melhores livros sobre a história econômica de todos os governos republicanos. Cada plano é discutido em detalhe. Leiam! Se não o lerem todo, leiam pelo menos os capítulos sobre as política econômica dos últimos 50 anos;

Economia Brasileira Contemporânea-Amaury Gremaud e outros: este livro é muito bom. É simples, objetivo, de fácil leitura e ajuda MUITO, inclusive em história econômica. Diria que é uma boa primeira leitura que facilita a assimilação dos temas mais complexos dos manuais seguintes.


Espero ter ajudado, meu caros. O Diálogo Diplomático segue cumprindo seu compromisso de auxiliar os candidatos de todos o Brasil, principalmente os que estão fora dos grandes centros de preparação. Em janeiro e fevereiro disponibilizaremos mais material no grupo de e-mails, bem como publicaremos textos voltados para programa do concurso. Abraço a todos e bons estudos!

sábado, 8 de dezembro de 2007

O G-20

A concepção do G-20 tem sido apontada como um dos grandes sucessos da Diplomacia brasileira nos últimos anos. Iniciativa ousada e inédita, o G-20, em pouco mais de quatro anos de existência, consolidou-se como ator fundamental no âmbito da OMC, até há poucos anos um foro dominado pelos grandes da economia global, Estados Unidos e União Européia. Mas em que se fundamenta o sucesso do G-20? Quais os resultados concretos que logrou, visto que a Rodada Doha permanece longe de uma conclusão bem-sucedida? Não foi o G-20 apenas uma forma de bloquear o andamento da negociação, como apontam seus críticos? Serão essas as perguntas a que se tentará responder neste texto.

O G-20 foi criado em 20 de agosto de 2003, por ocasião das reuniões preparatórias para a V Conferência Ministerial da OMC, em Cancún, México. Idealizado pelo Brasil, tinha como objetivo principal e momentâneo evitar que se alcançasse um resultado pré-concebido e concertado pelos Estados Unidos e a União Européia. Propunha que a Agenda Doha para o Desenvolvimento (ADD) fosse integralmente cumprida, tal como estabelecido no encontro da OMC na capital do Qatar, em 2001, quando se lançou a atual rodada de negociações. O pressuposto da ação do G-20 era que as negociações comerciais tinham de avançar em estrita observância do objetivo de promover o desenvolvimento, e dever-se-ia manter, como conseqüência, o nível de ambição previsto pela ADD.

Os países que formaram o G-20 entendiam que qualquer avanço na liberalização do comércio internacional deveria levar em consideração o tema da agricultura, bem como a utilização do comércio para a promoção do desenvolvimento sócio-econômico dos países menos desenvolvidos. A posição comum do G-20 se sustentava - e ainda se sustenta - em três pilares: acesso aos mercados agrícolas dos países desenvolvidos; eliminação de todas as formas de subsídio à exportação agrícola dos países desenvolvidos; e tratamento diferenciado e especial aos países em desenvolvimento.

Em Cancún, o G-20 teve de resistir a pressões que tentavam desqualificar sua atuação como negativa e obstruidora do progresso das negociações. De fato, foi graças ao G-20 que não se alcançou um acordo em Cancún. O acordo que se previa, no entanto, fora elaborado totalmente à revelia dos países em desenvolvimento.

O G-20 foi, entretanto, muito além da obstrução da Ministerial de Cancún. O Grupo apresentou uma proposta efetiva, à consideração de todos os membros da OMC, que defendia, na área agrícola: 1) uma redução expressiva de todas as formas de apoio doméstico à produção nos países desenvolvidos (subsídios à produção); 2) a eliminação de todas as formas de apoio à exportação dos países desenvolvidos (susbsídios à exportação); 3) uma redução expressiva das barreiras ao comércio de bens agrícolas vigentes nos países desenvolvidos; 4) a concessão de uma forma de tratamento diferenciado e especial aos países em desenvolvimento, com o intuito de fortalecer-lhes a competitividade comercial global.

O G-2o é, pois, uma iniciativa política propositiva, e não obstrutiva, conforme tachado por seus detratores. O Grupo tem insistentemente apresentado propostas para fazer avançar as negociações da Rodada Doha. O impasse na Rodada deve-se não à atuação do G-20, mas à dificuldade de conciliar posições entre o Grupo e os dois outros grandes atores da OMC, os Estados Unidos e a União Européia. Vale dizer que a Rodada já teria chegado a uma conclusão, exitosa, porém, apenas para os países desenvolvidos, na medida em que desconsideraria os interesses e reivindicações dos países em desenvolvimento.

A história do GATT/OMC é exemplar de como as rodadas de negociações foram sempre conduzidas para a promoção dos interesses dos países desenvolvidos. No âmbito do GATT, foram realizadas oito rodadas de liberalização comercial, de 1947 a 1994 (Genebra, Annecy, Torquay, Genebra, Dillon, Kennedy, Tóquio, Uruguai). É só a partir do final dos anos 70, já na Rodada Tóquio, que os interesses dos países em desenvolvimento começam a ser gradualmente levados em consideração. Basta dizer, por exemplo, que agricultura - setor econômico de fundamental importância para os países em desenvolvimento - foi negligenciado pelo GATT, e só viria a fazer parte efetivamente da agenda do comércio internacional a partir de 1994, com a conclusão da Rodada Uruguai e a criação da OMC. O Acordo sobre Agricultura da Rodada Uruguai previa que as negociações agrícolas começariam em 1999. Dois anos mais tarde, o lançamento da Rodada Doha encampou o tema da agricultura. O sistema GATT/OMC levou meio século para considerar assunto de tamanha relevância para os países em desenvolvimento.

Isso torna a atuação do G-20 ainda mais notável, na medida em que o Grupo conseguiu trazer para o centro das negociações o tema agrícola e, por extensão, os interesses dos países em desenvolvimento. Representando 60% da população mundial, 70% da população rural mundial e 27% das exportações agrícolas mundiais, o G-20 tem legitimidade inquestionável para defender os interesses e objetivos do mundo em desenvolvimento. Sua habilidade de traduzir uma vasta gama de interesses do Sul global em propostas e ações concretas é também garantida por sua formação diversificada, uma vez que conta entre seus membros com grandes e pequenos países de três continentes. Na atualidade, o G-20 conta com 23 Estados membros: África do Sul, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, China, Cuba, Egito, Equador, Filipinas, Guatemala, Índia, Indonésia, México, Nigéria, Paquistão, Paraguai, Peru, Tailândia, Tanzânia, Uruguai, Venezuela e Zimbábue.

O G-20 é um inegável sucesso de concepção e ação da Diplomacia brasileira. Embora a Rodada Doha permaneça em um ponto morto, as negociações passaram a contemplar as posições e visões do mundo em desenvolvimento. Reconhecendo-se que o objetivo da Rodada Doha - chamada, aliás, de Rodada para o Desenvolvimento - é fazer do comércio um instrumento do desenvolvimento sócio-econômico, é fundamental que os países do Sul global se articulem na promoção de uma ação que impeça a repetição da história e faça desta rodada de negociações um êxito também para o mundo em desenvolvimento.


Para maiores informações, vale a pena uma visita nos sites da OMC (www.wto.org) e do G-20 (www.g-20.mre.gov.br).

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

COMENTÁRIOS SOBRE AS MUDANÇAS NO CACD 2008

Num dos primeiros textos publicados neste blog, alertei para o fato de que, baseado nos últimos sete concursos, a única certeza sobre o CACD era a mudança. Não se poderia afirmar, entretanto, qual a dimensão de tais mudanças. Uma preparação abrangente, que possibilitasse ao candidato preparar-se em todas as disciplinas do programa seria a estratégia mais recomendável, uma vez que o desconhecimento quanto às matérias que comporiam o TPS 2008 não permitia concentrar-se apenas naquelas que compuseram o TPS 2007. Passaram-se três meses e anunciou-se a volta de todas as disciplinas do concurso ao TPS, além da criação de uma quarta fase, apenas classificatória, na qual sete línguas estrangeiras são oferecidas com alternativas aos candidatos. Foram mudanças significativas, mas não foram inesperadas para aqueles que estiveram atentos aos debates realizados nos mais diversos fóruns.

A partir de agora, milhares de candidatos espalhados por todo o país serão obrigados a modificar a sua estratégia. Aqueles que abandonaram o estudos de direito, economia e geografia durante o ano têm uma desvantagem relativa aos demais. O acúmulo de leituras atrasadas, o cumprimento do programa das disciplinas e. em alguns casos mais graves, o completo desconhecimento de algumas disciplinas serão obstáculos a serem transpostos com dificuldade. Modificou-se toda a estrutura de competitividade do CACD 2008.

Não se sabe qual será a nova estrutura do TPS. Pode-se, pelo menos, fazer algumas observações baseadas nos TPS's de 2003/2 e 2004, que contavam com todas as matérias e também foram realizados pelo CESPE. Primeiro, o número de questões do TPS deve aumentar. Sessenta e cinco questões são pouco para um programa tão amplo (em 2003 e 2004 o TPS contou com 100 questões).Segundo, o grau profundidade das questões deve ser menor. A presença de todas as matérias não permitirá um aprofundamento maior, já que para tanto seria necessário um número de questões significativo. Ao contrário do que possa parecer, a redução do grau de aprofundamento tende a aumentar a dificuldade da prova! Menos questões relativas a um programa imenso podem transformar a prova numa loteria, pois qualquer ponto do programa pode aparecer, ou não, e é dificílimo saber no que se concentrar(sem considerar o fato de que uma questão desperdiçada pode deixar o candidato mais um ano na fila). Terceiro, a prova de português terá mantida sua proporção e importância. Nos dois últimos anos(não apenas nos últimos dois anos), português teve 30% de proporção na pontuação total do TPS e não há indícios de que sua importância será reduzida. Com o aumento do número disciplinas, português se torna disciplina ainda mais estratégica para estabelecer a diferença entre os candidatos. Por último, história e política internacional devem reduzir sua participação relativa na prova, o que pode dificultar excessivamente a identificação dos pontos nos quais se concentrar. Qualquer tentativa de não cobrir o programa completo das disciplinas tem grandes chances de resultar em desastre.

Somente a publicação do edital do CACD 2008 permitirá que os candidatos possam, de alguma forma, elaborar uma estratégia pragmática e racional. Até lá, mais uma vez, reforço que é necessário estudar tudo de tudo, o maior tempo possível, com o maior esforço e sacrifício possíveis para que não sejam mais uma vez surpreendidos. Não se sabe absolutamente nada sobre a estrutura do próximo concurso além do que foi estabelecido pela portaria do Ministro de Estado e, diante das circunstâncias, mais uma vez recomendo que os candidatos não esperem que estruturas sejam mantidas ou repetidas no próximo CACD.

Por fim, o Diálogo Diplomático não se furtará da colaboração com os candidatos, principalmente aqueles que estão distantes dos grandes centros. No próximos dias, completaremos a série "dicas para o TPS" com geografia, economia e direito. Aos interessados, textos, artigos e todo o tipo de material serão disponibilizados no grupo de e-mails do blog, além dos que já estão.
Para inscrever-se: dialogodiplomatico-subscribe@yahoogrupos.com.br

Boa sorte a todos e bons estudos.