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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

COMENTÁRIOS SOBRE A SEGUNDA FASE DO CACD 2015

A surpresa da prova de ontem era esperada. Claro, não me refiro especificamente ao conhecimento de qual seria a surpresa, mas já era público, notório e mais do que esperado que a banca da segunda fase buscasse quebrar a estratégia de treinamento de redações e exercícios adestrados, óbvios, vazios de conteúdo e descomprometidos com qualquer nível de análise mais aprofundada. Essa intenção da banca já estava evidente nas provas de 2013 e 2014, nas quais o comando da redação exigia explicitamente que os candidatos emitissem opinião. Em 2015, mais uma vez, a prova teve comandos que não deixavam margem para dúvidas, a não ser que o candidato fizesse leitura desatenta e/ou interpretação extrapolada das questões.  Comentarei cada exercício.

REDAÇÃO
Comando: Tendo por fundamento as ideias do autor do texto acima, discuta o que é ser um diplomata brasileiro.

O primeiro ponto a ser destacado sobre o exercício de redação é a necessidade de que o texto motivador fosse o fundamento da redação. Não se tratava de texto unicamente motivador. Não se tratava de um mero ponto de partida para a discussão. Ao exigir que o texto fosse o fundamento da redação do candidato, era estritamente necessário escolher pelo menos um dos aspectos discutidos pelo autor - por exemplo, a questão da adaptação ou a questão da perda de identidade - e desenvolvê-lo de forma aprofundada.  

O segundo ponto a ser destacado é a especificação da discussão sobre o que é ser um diplomata brasileiro. A especificação do comando é a chave para a interpretação daquilo que o candidato devia desenvolver: a identidade do diplomata brasileiro como profissional, em primeiro lugar, e como brasileiro, em segundo lugar, considerando as especificidades da nossa projeção internacional e da nossa cultura em relação ao resto do mundo. Dessa perspectiva, resultam muitas derivações de análise e argumentação, com base nos mais diversos conceitos de literatura, cultura brasileira, relações internacionais e ciência política. O mais importante é que o candidato tenha conseguido comprometer-se com uma posição e tenha tido a capacidade de analisá-la com profundidade.

Algumas estratégias de desenvolvimento do tema, infelizmente, terão resultados abaixo do esperado. Vamos a elas:

a) Contextualizar historicamente, de forma desproporcional, a discussão sobre a o papel do diplomata. Este é um erro comum: o candidato procura demonstrar grande conhecimento sobre o tema, mas reserva uma parte muito pequena do seu texto para desenvolver o tema central - o que é ser um diplomata brasileiro;
b) Ignorar o comando de que o texto motivador devia ser fundamento da redação. Outro erro muito comum, que resulta em redação que, embora discuta o tema proposto, o faz de forma tangencial;
c) Concentrar-se na argumentação óbvia ou previsível. Por exemplo, acredito que 80% dos candidatos concentraram sua argumentação nas funções de informar, negociar e representar, com alguma aplicação ao trabalho do diplomata brasileiro. Embora seja um argumento válido e aplicável ao tema, será excessivamente repetido e previsível, de forma e manter os textos que o utilizaram como fundamento na faixa de nota mediana dos aspectos macroestruturais, entre 14 e 16 pontos, a depender da qualidade da escrita;
d) Desenvolver o texto de forma narrativa e com períodos sem relação sintática de análise clara. Por exemplo, um texto que siga a estrutura de: afirmação moderada, sequência de exemplos, muda o parágrafo, afirmação moderada, sequência de exemplos;
e) Conclusões repetitivas. Este é o erro mais grave a ser cometido pelos candidatos. Em português, as conclusões que apenas repetem a argumentação ou parafraseiam a introdução são fracas e eliminam deixam o texto sem finalização da argumentação.

EXERCÍCIO 1
Comando: A partir da leitura dos excertos de texto acima, discorra sobre o valor da "inspiração" e da "expiração" para o trabalho.

Claramente, o objetivo do comando era evitar qualquer tipo de resposta preparada. É possível que muitos candidatos tenham interpretado que se tratava de uma questão sobre o trabalho do escritor. Embora esta seja uma interpretação possível, em função dos textos motivadores, o comando refere-se somente a trabalho. Dessa forma, seria possível ter diferentes abordagens para a resposta sem medo. Infelizmente, parafraseando Mestre Yoda, "o medo da banca leva à raiva, a raiva leva ao ódio ao exercício, e o ódio ao exercício leva ao sem força (argumentativa)". 

EXERCÍCIO 2
Comando: Comente a opção de Cecília Meireles de levar um dicionário para uma ilha deserta e aponte, na conclusão, justificando sua escolha, que livro levaria consigo, caso estivesse na mesma situação da autora.

Sem dúvida, esta foi a grande e esperada "surpresa" da prova de ontem. O tamanho da surpresa depende do tipo de treinamento realizado pelo candidato. Aqueles que foram treinados para argumentar, analisar e desenvolver raciocínio complexo tiveram, certamente, menos dificuldade. Aqueles que apostaram em um treinamento de adestramento, sem nenhuma dúvida, tiveram mais dificuldade.

O comando foi completamente fechado, sem deixar margem para interpretações. Era preciso cumprir três etapas em até 150 palavras: a) comentar a opção de Cecilia Meireles; b) escolher a obra que você levaria para uma ilha deserta; e c) justificar sua escolha. O descumprimento de qualquer uma dessas etapas certamente resultará em grande prejuízo à nota de conteúdo do candidato. As tentativas de não opinar fracassarão, sem a menor margem para discutir o contrário.

Por fim, acredito que a prova da segunda fase do CACD 2015 possibilitará a seleção dos melhores escritores, ou, pelo menos, dos mais bem preparados para desenvolver raciocínio complexo. O número absoluto de reprovados deve aumentar mais do que a proporção de reprovações, mas, ainda assim, teremos uma terceira fase muito competitiva, com um número elevado de candidatos preparados.

Boa sorte a todos os meus alunos e ex-alunos, em primeiro, lugar, e aos demais candidatos, em segundo lugar.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

SEGUNDA PROJEÇÃO DA NOTA DE CORTE DO TPS 2015

Caros alunos e Caras alunas, candidatos e candidatas, leitores e leitoras, temos um boa notícia. Com 482 no ranking do Clipping CACD, a faixa da nota de corte se movimentou levemente para baixo.

Estes são nos novos números.

PROJEÇÃO PROVISÓRIA - RANKING COM 419 NOTAS 

FAIXA DA NOTA DE CORTE: 45,25 a 46,75
CENTRO DA FAIXA DA NOTA DE CORTE: 46
APOSTA DA NOTA DE CORTE: 46,25

QUEM PODE ENTRAR NA LISTA DE APROVADOS

ZONA CINZA CLARA: de 41,75 a 43 pontos
ZONA CINZA: de 43 a 44 pontos
ZONA CINZA ESCURA: de 44 a 45,75 pontos

QUEM PODE SAIR DA LISTA DE APROVADOS (LISTA REGRESSIVA)

ZONA CINZA CLARA: de 49,25 a 48 pontos
ZONA CINZA: de 48 de 46,5 pontos
ZONA CINZA ESCURA: de 46,5 a 45 pontos.

É altamente recomendável que aqueles que estão dentro dessas faixas prossigam com a preparação. Aqueles que têm chances mais remotas não podem desistir, sob pena de serem surpreendidos com o resultado positivo às vésperas da segunda fase. Atualmente, apenas ser aprovado na segunda fase, com nota baixa, não resolve. As 22 vagas não perdoam desempenhos medianos.

Boa sorte a todos e a todas!

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

PROJEÇÃO DA NOTA DE CORTE DO TPS 2015

Caros alunos e alunas, candidatos e candidatas, como prometido, começarei hoje a sequência de projeções diárias para a nota de corte do TPS 2015. Desta vez, demorei um pouco mais para iniciar a divulgação por duas razões principais: o acúmulo de tarefas e de respostas às centenas de mensagens que tenho recebido, sempre muito gentis, e a necessidade de aguardar a estabilização do ranking.

Antes de divulgar a projeção, gostaria de fazer algumas considerações importantes. O TPS 2015 tem características muito peculiares. Embora tenha retomado o número de 300 aprovados, inclui aprovados por cotas raciais pela primeira vez (não podemos confundir com o sistema anterior de reserva de vagas, cujas vagas eram excedentes e não incluídas dentro do total de aprovados). Dessa forma, qualquer projeção precisa ser muito criteriosa, para que não compare alhos com bugalhos. TPS que aprovava 100 pessoas não é comparável ao que aprova 300, TPS que aprova 300 sem cotas raciais não é comparável ao que aprova 300, com 60 vagas para cotas raciais. Ainda assim, o que há de mais semelhante é o TPS de 2014: 73 questões, todas de C/E, com o mesmo número de questões por disciplina que o de 2015.

Minha projeção está baseada no ranking do Clipping CACD, que, até o momento, tem o maior número de notas. Trata-se, portanto, do ranking mais confiável disponível. Sempre é importante lembrar que há algumas imprecisões que afetam o resultado, por exemplo: algumas notas repetidas; algumas notas dos cotistas são suficientes para a aprovação em ampla concorrência - o que necessariamente as tira do sistema de cotas; algumas notas parecem subestimadas demais e outras superestimadas. Ainda assim, esses problemas não nos impedem de se chegar a uma faixa de nota de corte provável com credibilidade.

A projeção do corte não segue uma sequência linear. Não se descobre o corte pela posição 225 do ranking nem pela média das notas. O cálculo é um pouco mais complexo, mas, geralmente, certeiro. Quanto mais notas no ranking, maior a possibilidade de chegarmos ao número correto. Vamos aos números:

PROJEÇÃO PROVISÓRIA - RANKING COM 419 NOTAS 

FAIXA DA NOTA DE CORTE: 45,5 a 47
CENTRO DA FAIXA DA NOTA DE CORTE: 46,25
APOSTA DA NOTA DE CORTE: 46,5

Considerando as possibilidades de alteração de gabarito, a faixa de alcance da nota de corte pode ser de até cinco pontos. Em 2014, por exemplo, foram alterados4,5 pontos de 73. Em 2015, considerando os debates sobre erros de gabarito, o número de alterações não deverá ser muito diferente. Tenham em mente que a alterações de gabarito não elevam a nota de corte, mas, sim, invertem a posição dos candidatos. Os candidatos não melhoram seu desempenho em conjunto. 

Sempre se pode perguntar: 46,5 foi a nota de corte com 100 aprovados no TPS, não está muita alta para 225 da ampla concorrência? Sim, está, mas devem-se considerar os seguintes pontos: a) a faixa do corte inicia em 45,5, portanto, abaixo, de 2014; b) um ranking com mais notas levará a resultados diferentes e à redução da projeção da nota de corte, por isso a importância de continuarmos alimentando o banco de dados do Clipping CACD; c) mesmo em provas de estrutura idêntica, as médias podem subir ou baixar de acordo com o grau de dificuldade da prova.

Assim, minhas primeiras indicações se baseiam nas faixas de alcance com os gabaritos invertidos, de acordo com os seguintes critérios.

QUEM PODE ENTRAR NA LISTA DE APROVADOS

ZONA CINZA CLARA: de 42 a 43 pontos
ZONA CINZA: de 43 a 44,5 pontos
ZONA CINZA ESCURA: de 44,5 a 46 pontos

QUEM PODE SAIR DA LISTA DE APROVADOS (LISTA REGRESSIVA)

ZONA CINZA CLARA: de 49,5 48 pontos
ZONA CINZA: de 48 de 46,5 pontos
ZONA CINZA ESCURA: de 46,5 a 45, 5 pontos.

É altamente recomendável que aqueles que estão dentro dessas faixas prossigam com a preparação. Aqueles que têm chances mais remotas não podem desistir, sob pena de serem surpreendidos com o resultado positivo às vésperas da segunda fase. Atualmente, apenas ser aprovado na segunda fase, com nota baixa, não resolve. As 22 vagas não perdoam desempenhos medianos.

Boa sorte a todos e a todas!




sexta-feira, 17 de julho de 2015

MITOS SOBRE A PREPARAÇÃO PARA O CACD

Entre os candidatos ao CACD, são muito comuns as crenças quase irracionais nas mais diversas impossibilidades: a de ler muito, a de trabalhar e estudar para a prova, a de superar limitações individuais em diferentes disciplinas, a de conseguir dominar o programa do concurso. Essas impossibilidades tornam-se reais somente e unicamente pelo fato de que as pessoas acreditam nelas. Como regra geral, aqueles que professam as impossibilidades não tentaram provar que são impossibilidades reais.

Em mais de meia década treinando candidatos, fui convencido de que não existem impossibilidades reais. Não faltam exemplos de candidatos que, quando iniciaram o programa de "coaching", eram céticos tanto quanto à sua capacidade de leitura quanto ao resultado das leituras para o seu desempenho e, alguns meses depois, estavam surpresos com a quantidade de livros concluídos e com a profundidade do conhecimento adquirido. Parecia impossível, até que uma pessoa como qualquer outra apenas tentou e conseguiu realizar a tarefa.

A grande armadilha da crença nos mitos de impossibilidade é a de desorientar o processo de preparação em nome de suposto pragmatismo. Ao optar por estudar somente "aquilo que é importante", ao priorizar resumos e ao fazer uso de exercícios como meio de aquisição de conhecimento, não de revisão do conhecimento, o candidato claramente aumenta significativamente o risco de prejudicar seu desempenho.

Afinal de contas, quem define o que é importante: o candidato, o professor ou a banca corretora? Há alguma forma de adivinhar aquilo que a banca corretora vai considerar importante na prova? Sempre é possível interpretar os indícios, mas essa interpretação nunca é definitiva. Nunca se sabe aquilo que poderá ser cobrado. Se optar pela impossibilidade de ler muito, o candidato estará optando por estudar menos e, consequentemente, aumenta a possibilidade de ter baixo desempenho.

Trabalhar e estudar para o CACD é possível, e eu não sou o único exemplo. Dezenas de candidatos foram aprovados nessas condições nos últimos anos. Basta administrar o tempo e ter disciplina. Haverá quem afirme que não consegue se disciplinar, mas qualquer pessoa é capaz de se disciplinar, muda apenas o tamanho da sacrifício.

Há também a crença de que se pode abandonar o estudo de uma disciplina baseado na ideia de que não haverá ganho real em estudá-la seja porque o candidato tem dificuldades, seja porque acredita que sabe o suficiente. Sempre há ganho real ao estudar qualquer disciplina, sempre há conhecimento a ser adquirido, e sempre há perda real tanto de conhecimento quanto de preciosos pontos na prova, quando se opta por não estudar qualquer disciplina que seja. A crença na impossibilidade de melhorar torna maior a possibilidade de não alcançar o objetivo.

O primeiro passo para acabar com os mitos de impossibilidade é não acreditar neles. O estudo intenso e esforçado, a leitura contínua e a dedicação sempre dão bons resultados e sempre melhoram o desempenho. As fórmulas milagrosas não se sustentam a médio prazo, mas a intensidade na preparação de base se sustenta a longo prazo.

Se existe um milagre, está em você mesmo. Antes de mais nada, acredite que possível e não faça de você mesmo o principal obstáculo para o êxito no CACD.