1- Inicie seu texto tratando diretamente do tema proposto;
2- é melhor argumentar algo óbvio do que não argumentar;
3- não tenha medo e fazer juízos de valor;
4- contextualize menos e discuta mais;
5- compare seu argumento a outro similar (se usar citações, ela deverão compor a análise do argumento para não configurarem argumento de autoridade);
6- não faça afirmações temerárias sobre temas que desconhece;
7- não parafraseie o excerto apresentado nos exercícios;
8- quando a pergunta for específica, responda direta e especificamente.
9- use abundantemente estruturas analíticas: comparações, contraposições, concessões, explicações, relações de causa e efeito;
10- lembre-se: não importa qual seja o tema, não importa o que seja proposto, trata-se da prova de redação em língua portuguesa. O que se espera de você é clareza, objetividade, capacidade de argumentação e de análise e correção formal. Jamais trate a redação como uma questão de política internacional, por exemplo.
domingo, 15 de setembro de 2013
quarta-feira, 29 de maio de 2013
POR QUE ***NÃO*** SER DIPLOMATA ?
Após o post
anterior do blog, comentei com o
Professor Maurício, só por provocação, que um texto sobre as razões ERRADAS
para querer ser diplomata deveria ser escrito. Sobrou para mim, para deixar de
ser falastrão, a tarefa de parecer ranzinza – mas os melhores amigos são sempre
aqueles que alertam, creio eu...
Dito
isso, seguem comentários sobre os mantras que eventualmente ouvimos. Afinal,
por que você quer ser diplomata?
* “É meu
sonho de infância” – Que coisa, hein?
O meu era ser piloto de avião, mas descobri que precisaria saber muito
mais matemática do que gostaria, e ser muito menos cego do que sou. Agora
sério... sonhos de infância, embora acalentados docemente e parte da formação
das nossas relações afetivas, nem sempre encontram uma realidade que
corresponda às expectativas – especialmente àquelas criadas ao longo de
décadas. Envelhecer, amadurecer, em qualquer idade, só é bom porque podemos nos
dar o direito de repensar, de evoluir, de mudar. Não gaste meses, ou anos de
sua vida, em um projeto criado por uma criança de oito anos de idade, sem revisá-lo e
concluir sobre a permanência de sua validade.
* “Eu gosto de
política externa” – Excelente!
É mesmo um tema fascinante. Mas você pode alimentar esse interesse sendo um
leitor assíduo de reportagens, artigos e livros sobre o tema, ou quiçá um
pesquisador na área. Gostar de consumir intelectualmente determinado assunto e
fazer dele seu ganha-pão são coisas completamente diferentes.
* “Ah, mas eu gosto de
fazer política externa!” – Muito bem, agora a coisa muda de figura. Ainda assim, saiba que, como
diplomata, a política externa que você “fará” irá se resumir, durante uns 80%
da sua carreira, a cumprir instruções sobre uma pequena parcela de temas
pontuais, imersos em uma enormidade de ações de política externa sobre as quais
você terá nenhum controle e nível limitado de informação. Claro que é muito recompensador ver a frase
que você criou para os pontos de conversação do Ministro de Estado ser repetida
em uma reunião de alto nível... Mas fique feliz, amigo, com seu(s) tijolinho(s)
eventual(is), a menos que você chegue a ocupar, um dia, umas das altíssimas
chefias da Casa.
* “Eu gosto de viajar,
conhecer novas culturas” – É bom, né? Experimente ter de explicar (ou pior, entender) detalhes de
legislação trabalhista de um país confuso no qual você não fala a língua local.
Ou explicar para o mecânico, que nem a língua local dele fala, detalhes do “barulhinho
estranho” que você está ouvindo no seu
carro. Viver em outro país é uma experiência de aprendizado intenso e profundo,
que provavelmente envolverá grandes doses de solidão (mesmo a dois) e diversos
níveis de ruído na comunicação. Além disso, viajar a trabalho pode ser uma
experiência extremamente frustrante, tendo em vista as agendas em geral muito
corridas. Conhecer Londres, todo o tempo de terno, e apenas de dentro de um
táxi, não tem muita graça, acreditem. E isso se você der a sorte de ser
Londres, porque provavelmente as viagens serão mais criativas e menos esperadas
no que diz respeito a destinos. Você não saberá onde a carreira o levará daqui
a quatro ou cinco anos. A menos que se tenha essa consciência, que seu flerte
com o incerto seja perene, recomendo um concurso para o Legislativo ou para o
Judiciário. “Conheça novas culturas” durante suas férias bem remuneradas.
* “Eu quero por conta
do salário” – Boa! Mas
há concursos mais fáceis que pagam mais, e sem o impacto familiar e afetivo que
a vida de diplomata acarreta. Claro que o salário é bom, mas ninguém fica monetariamente
rico por ser diplomata. Sua vida, em especial para os familiares e amigos menos
avisados, ganhará um status (aliás,
outro motivo besta para se tornar diplomata) diferenciado. Você andará
engravatado por aí, poderá vez ou outra ter contato com Altas Autoridades,
morar em casas bastante dignas – que não são suas – e frequentar recepções de
altíssimo nível (principalmente após um exaustivo dia de trabalho, sem a menor
vontade de sorrir, obter informações e aumentar o soft-power do Brasil). Mas,
no fundo, somos uma espécie de anti-Lady Katy:
“gramur eu tenho, só me falta-me o
dinheiro...”
Um
diplomata é um burocrata internacional, senhor@s. Os tempos da diplomacia
costumam ser bastante lentos, e o resultado do trabalho nem sempre imediato,
satisfatório ou reconhecido. Relatórios constantes sobre assuntos de diferentes
níveis de interesse pessoal terão de ser feitos, providências para as quais
você não tem a menor ideia de como proceder serão demandadas. Seus horários
dificilmente permanecerão puramente seus horários, e se você tiver o
mínimo interesse em cumprir bem suas funções, terá de aprender a estudar assuntos
dos quais gosta ou não, a todo tempo.
Portanto,
pense bem sobre seu futuro. Caso você insista na ideia e tenha ficado ainda
mais interessado em se tornar diplomata, mesmo com meu esforço anti-idealista, rasgue
os punhos de renda e seja mais do que bem-vindo ao Serviço Exterior Brasileiro.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
POR QUE SER DIPLOMATA?
O título deste texto nada mais é do que a pergunta que todos nos fazemos, ou fizemos, em algum estágio da preparação para o CACD. Procurei elaborar a minha resposta, depois de seis anos e uma remoção para o exterior. Espero que contribua para as decisões de todos os leitores.
------------------------------------------------------------------------
A carreira de
diplomata é, sem dúvida, uma das mais interessantes e desafiadoras carreiras do
serviço público. A possibilidade de servir ao País e de representá-lo no exterior,
a variedade de temas, de lugares e de pessoas, e a boa remuneração são os
grandes atrativos do trabalho. Por essas razões, o Concurso de Admissão à
Carreira de Diplomata é extremamente concorrido.
Na carreira, é
possível trabalhar com temas das mais diversas naturezas – dos contenciosos
comercias na OMC a temas administrativos, dos direitos humanos a negociações de
acordos de comércio. O tratamento de temas tão diversos exige dos diplomatas a
compreensão abrangente e o bom entendimento das implicações políticas. O
diplomata deve, portanto, estar preparado para conhecer as mais diversas áreas
do conhecimento para melhor cumprir seu papel na formulação e na execução da
política externa brasileira.
O diplomata
tem o mundo inteiro como opção para trabalhar e para viver. Mais do que
conhecer outras culturas, é possível, e necessário para o trabalho, integrar-se
às culturas locais. Seja na América do Norte, seja na Ásia, seja na América do
Sul, na África ou na Oceania, o diplomata tem as mais diversas experiências de
vida e de crescimento pessoal associadas ao trabalho. É possível contribuir
junto à Missão de paz no Haiti, participar de negociações no MERCOSUL ou optar
por representar o Brasil na África.
O trabalho do
diplomata pode ser muito gratificante. Representar o Brasil tem grande
significado, especialmente em função do crescimento da projeção internacional
do Brasil e dos novos papéis a serem desempenhados pelo nosso reconhecidamente
competente corpo diplomático na nova ordem internacional. A grandeza do Brasil
resulta em grandes oportunidades para contribuir com a construção de um futuro
mais próspero e pacífico.
O
caminho para tornar-se diplomata é difícil, mas todos os obstáculos são
superáveis. O mais importante é ter consciência de que se trata de uma
carreira que vale a pena o sacrifício necessário para ingressar e que nos traz
muito mais compensações do que decepções.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
OS MITOS DE IMPOSSIBILIDADE
Entre os candidatos ao CACD, são muito comuns as crenças quase irracionais nas mais diversas impossibilidades: a de ler muito, a de trabalhar e estudar para a prova, a de superar limitações individuais em diferentes disciplinas, a de conseguir dominar o programa do concurso. Essas impossibilidades tornam-se reais somente e unicamente pelo fato de que as pessoas acreditam nelas. Como regra geral, aqueles que professam as impossibilidades não tentaram provar que são impossibilidades reais.
Em mais de meia década treinando candidatos, fui convencido de que não existem impossibilidades reais. Não faltam exemplos de candidatos que, quando iniciaram o programa de "coaching", eram céticos tanto quanto à sua capacidade de leitura quanto ao resultado das leituras para o seu desempenho e, alguns meses depois, estavam surpresos com a quantidade de livros concluídos e com a profundidade do conhecimento adquirido. Parecia impossível, até que uma pessoa como qualquer outra apenas tentou e conseguiu realizar a tarefa.
A grande armadilha da crença nos mitos de impossibilidade é a de desorientar o processo de preparação em nome de suposto pragmatismo. Ao optar por estudar somente "aquilo que é importante", ao priorizar resumos e ao fazer uso de exercícios como meio de aquisição de conhecimento, não de revisão do conhecimento, o candidato claramente aumenta, significativamente, o risco de prejudicar seu desempenho.
Afinal de contas, quem define o que é importante: o candidato, o professor ou a banca corretora? Há alguma forma de adivinhar aquilo que a banca corretora vai considerar importante na prova? Sempre é possível interpretar os indícios, mas essa interpretação nunca é definitiva. Nunca se sabe aquilo que poderá ser cobrado. Se optar pela impossibilidade de ler muito, o candidato estará optando por estudar menos e, consequentemente, aumenta a possibilidade de ter baixo desempenho.
Trabalhar e estudar para o CACD é possível, e eu não sou o único exemplo. Dezenas de candidatos foram aprovados nessas condições nos últimos anos. Basta administrar o tempo e ter disciplina. Haverá quem afirme que não consegue se disciplinar, mas qualquer pessoa é capaz de se disciplinar, muda apenas o tamanho da sacrifício.
Há também a crença de que se pode abandonar o estudo de uma disciplina baseado na ideia de que não haverá ganho real em estudá-la, seja porque o candidato tem dificuldades, seja porque acredita que sabe o suficiente. Sempre há ganho real ao estudar qualquer disciplina, sempre há conhecimento a ser adquirido, e sempre há perda real tanto de conhecimento quanto de preciosos pontos na prova, quando se opta por não estudar qualquer disciplina que seja. A crença na impossibilidade de melhorar torna maior a possibilidade de não alcançar o objetivo.
O primeiro passo para acabar com os mitos de impossibilidade é não acreditar neles. O estudo intenso e esforçado, a leitura contínua e a dedicação sempre dão bons resultados e sempre melhoram o desempenho. As fórmulas milagrosas não se sustentam a médio prazo, mas a intensidade na preparação de base se sustenta a longo prazo.
Se existe um milagre, está em você mesmo. Antes de mais nada, acredite que possível e não faça de você mesmo o principal obstáculo para o êxito no CACD.
Assinar:
Postagens (Atom)